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Artigos e Pesquisas

 

Monografia de Eucalyptus saligna

 

Autor: Valdo G. Frechauth        e-mail: vgfrechauth@gmail.com

                                                    Site: http://www.valdofrechauth.no.comunidades.net

1. Introdução

E. saligna, também chamado Sydney bluegum, é uma árvore de rápido crescimento, valiosa em plantações florestais. Este cresce em várias zonas temperadas quentes e países subtropicais, tais como Brasil e África do sul, e o Estado de Havai (FAO, 1979).

O nome E. saligna foi dado ao tipo de espécime em 1797. Outra muito similar mas distinta espécie, encontrada dentro de algum espaço geográfico, E. grandis, não foi nomeada ate 1918. Antes de 1918, muitas introduções a nível mundial foram feitas com sementes colhidas de "E. saligna" que gerou as características do modelo mais tarde chamado de E. grandis (FAO, 1979).

 

Em muitos países onde as introduções foram feitas, portanto, consideráveis plantações misturadas e híbridas de duas espécies são presentes. Assim, em Havai, muitas estacões de E. saligna contem árvores com um conjunto de características intermediárias entre E. saligna e E. grandis (Poyston, 1979).

E. grandis é agora preferido na África do Sul porque esta se autopoda mais prontamente e tem poucos ramos; e em Brasil porque este é resistente à doenças de câncer e pode ser propagado vegetativamente (Poyton, 1979).

E. saligna tem crescido bem onde o clima é frio, por exemplo, no norte de Nova Zelândia e em terras altas de Havai.

Testes recentes provenientes de duas espécies em Havai sugerem que E. grandis é a melhor escolha comparativamente ao E. saligna para muitos sítios. (FAO, 1979)      

 

1.1.      Objectivos

1.1.1.      Objectivo geral

  • Conhecer detalhadamente a espécie Eucalyptus saligna

 

1.1.2.      Objectivos específicos

  • Identificar os aspectos botânicos e dendrológicos da espécie
  • Conhecer a Fenologia da espécie
  • Conhecer a Ecologia e a Silvicultura da espécie
  • Conhecer os seus usos madeireiros e não madeireiros

2. Metodologia

A elaboração do presente trabalho é um dos objectivos da cadeira. Tendo em conta o tempo e dedicação que a elaboração deste trabalho requer, a informação para a sua elaboração foi feita pelo docente com muita antecedência, no primeiro dia de contacto entre o estudante e o docente, para ser mais preciso.

E para isso, as informações que se seguem foram adquiridas de várias fontes literárias relacionadas com os objectivos acima mencionados e também de alguns sites relacionados com os mesmos.    

 

3.Características da família

Segundo Brooker e Kleinig (1990), O Eucalyptus saligna é uma das muitas espécies pertencente ao género Eucalyptus, sendo este pertencente a família Myrtaceae.

A Myrtaceae é uma família com cerca de 70 géneros e 3000 espécies árvores e arbustos, frequentemente nos trópicos e subtrópicos e com uma grande concentração na Austrália.

Para uma melhor caracterização será feita uma análise de cada órgão, conforme se segue.

 

Folhas: são simples, em geral, inteiras e opostas, dotadas de glândulas de óleo.

 

Flores: são regulares, hermafroditas ou poligâmicas, tubo do cálice mais ou menos adnado ao ovário, com 4-5 lobos quase sempre persistente nos frutos; 4-5 pétalas livres, imbricados; estames inseridos no disco, com filamentos finos e anteras pequenas 2-loculares; ovário ínfero, 1 à pluri-loculares, 1 estilete.

 

Fruto: o fruto é uma drupa ou uma cápsula lenhosa.

 

 

4. Descrição botânica e dendrológica da espécie

4.1. Descrição botânica (características micromorfológicas)

 

Segundo Brooker e Kleinig (1990) o E. saligna possui as seguintes características:

Inflorescência: é simples e axilar, com 7-11 flores, pedúnculos achatados com 1.8 cm de comprimento.

 

Folha: folhas simples, folhas jovens pecioladas, oposta por vários pares e depois alternadas, ovada, acima de 12x5 cm, verde à verde-escura; folhas adultas pecioladas, alternadas, lanceoladas à largo-lanceoladas, acima de 16x3 cm, verde acima, verde pálido abaixo, peninervado, densamente reticulada.

 

Flores: as flores são sésseis à curtamente pediceladas, com pedicelos muitas vezes grossos e afilando-se na base do botão, com 0.9x0.4 cm, com cicatrizes presentes, opérculo cónico ou ligeiramente quebrado; estames irregularmente fixos e todos férteis; anteras versáteis, oblongas, abrindo-se por fendas longitudinais;

 

Fruto: o fruto é curtamente pedicelado ou quase séssil, obcónico à ligeiramente piriforme, 0.8x0.7 cm; rebordo fino, disco obscuro, deiscente; 3 ou 4 valvas, erecto ou muitas vezes curvados para fora.

 

Fuste: árvore média à alta, com casca áspera e persistente na base ou na parte superior, moderadamente espesso, curto-fibrado, muitas vezes tesselado, cinzento acastanhado, iniciando fino e terminando em longos flocos finos; resto do tronco e ramos lisos cinzento-verde ou verde azulado.

 

4.2. Descrição dendrológica (características macromorfológicas)

 

Estas árvores, apresentando com muita freqüência troncos retilíneos, atingem alturas de 35 a 55 m e DAP entre 120 e 150 cm. As folhas juvenis em disposição oposta têm comprimentos entre 3 e 6 cm e larguras de 2 a 3 cm e são curto-pecioladas. As folhas de árvores mais velhas são estreitas e lanceoladas (10 a 20 cm de comprimento, larguras de 1.5 a 3 cm), com nervuras finas e regulares e com disposição alterna (Lamprecht, 1990).

Nas axilas das folhas formam-se umbelas com 7 a 11 flores. Os frutos ovais até cilíndricos têm em média tamanhos de 7x5 mm, possuindo na parte superior pequenas valvas, que se abrem ao atingirem a maturidade. A casca é clara, por vezes com reflexos azulados, lisa e desprende-se em longas faixas até a parte inferior do tronco (Lamprecht,1990).

 

5. Fenologia

O desenvolvimento do Eucalyptus saligna é fortemente influenciado pela temperatura do ar, e a resposta do aparecimento de folhas à temperatura do ar é linear. O valor de Tb = 8 ºC, estimado para E. saligna, foi próximo do encontrado por Battaglia e Sands (1998), de Tb=7,8 °C para o índice de área foliar em E. globulus na Austrália, e também foi próximo ao valor de Tb = 7,5 ºC encontrado por Sands e Landsberg (2002) para o processo de fotossíntese em E. globulus, na Austrália. Streck (2003) também relatou temperaturas cardinais similares nos processos de fotossíntese e taxa de aparecimento de folhas em kiwi (Brooker e Kleinig, 1990).

 

Eucalyptus saligna apresenta maior desenvolvimento que o Eucalyptus grandis, na fase de muda, pois a Tb do E. saligna (8 °C) é menor que a Tb do E. grandis (10 °C), ocorrendo maior acúmulo de energia térmica para E. saligna, considerando-se uma mesma temperatura do ar. Porém, observou-se que no campo o Eucalyptus grandis apresentou maior velocidade de emergência e maior uniformidade inicial entre as plantas. Esses resultados reforçam os encontrados anteriormente de que o desenvolvimento de espécies florestais é resultado da interação entre genótipo e ambiente.

Uma interpretação dos resultados de filocrono para as duas espécies é de que, considerando-se que o ponto de transplante das mudas de eucalipto é de 20 a 30 cm de altura e que nessa altura as plantas têm aproximadamente 20 folhas, o Eucalyptus grandis atinge o ponto de transplante aos 640 ºC dia após a emergência, enquanto o Eucalyptus saligna atinge esse mesmo ponto aos 614 ºC dia, ou seja, 26 ºC dia antes. Esses 26 ºC dia podem representar alguns dias do calendário civil, especialmente quando a temperatura do ar é baixa (menor do 15 ºC), situação comum no final do outono, inverno e primavera no Rio Grande do Sul, por exemplo, a temperatura mínima normal climatológica de Santa Maria, RS (média dos dados de temperatura dos 30 anos de observação), foi de 11,8 °C no mês de maio, 9,3 °C no mês de junho, 9,5 °C no mês de julho, 10,4 °C no mês de agosto, 11,3 °C no mês de setembro e 13,5 °C no mês de outubro, (Brooker e Kleinig, 1990).

 

6. Ecologia

Segundo Lamprecht (1990), a área de ocorrência natural é caracterizada quanto ao clima por intensas chuvas estivais (Pa 800 a 1.500 mm em 90 a 110 dias), com temperaturas subtropicais (máxima temperatura média do mês mais quente 28o a 30º C, mínima temperatura média do mês mais frio 3º a 4º C).

Também se registra a incidência esporádica de geadas leves com temperaturas mínimas até -8º C.

No sul da área de ocorrência, a espécie povoa vales e encostas pouco pronunciadas, enquanto a norte se limita a zonas de cumes montanhosos e encostas íngremes. Desenvolve-se de preferência em solos francos até levemente argilosos, com bom suprimento de água, mas não de águas estagnadas, com teor de nutrientes médio até abundante. Materiais de origem são, na maioria dos casos, arenitos ricos em bases, conglomerados ou basalto terciário. Na bacia do rio congo os povoamentos desenvolveram-se também satisfatoriamente em formações aluviais de pouca acidez.

 

Em Austrália, E. saligna é usualmente encontrado em misturas com E. microcorys e E. pilularis, as principais espécies do litoral de New South Wales e também encontrado associado com vários outros eucaliptos. Este raramente cresce em estações puras. 

Em Havai, E. saligna tem sido plantado em mistura com varias outras espécies, E. robusta, Melaleuca quinquenervia, Casuarina equisetifolia, Acacia confusa, Grevillea robusta, etc. Em muitos sítios, este tem superado e obscurecido fora ou mal suprimido todas essas espécies, com excepção do eucalipto com um crescimento igualmente rápido e a tolerante Acacia confusa. Em estações fechadas as espécies encontradas são a goiaba morango (Psidium cattleianum) e Cibotium spp (Brooker e Kleinig, 1990).

 

 

 

 

7. Silvicultura

E. saligna revelou ser uma espécie muito apropriada para plantações madeireiras com curtas rotações em regiões montanhosas dos trópicos, assim como em áreas entre os paralelos 25º e 35º (Lamprecht,1990).

Esta árvore heliófila de rápido crescimento é nos dois primeiros anos notoriamente sensível à ocorrência de ervas daninhas. Em sua área de ocorrência natural é de fácil regeneração natural, sendo fora dela - como espécie de plantação madeireira - quase exclusivamente de regeneração artificial. A frutificação ocorre pela primeira vez aos seis anos e após esta idade, em ritmo anual (560 sementes/Kg). O porcentual de germinação situa-se em torno de apenas 20 a 25%, podendo ser mantido constante durante mais de um ano, desde que as sementes sejam conservadas em ambiente seco. Uma conservação mais longa das sementes devia ocorrer em geladeira à uma temperatura de +4º C (Lamprecht,1990).

 

A produção de mudas é feita por semeadura de cerca de 50 g de sementes por m2 em canteiros, geralmente cobertos por uma mistura de cinza e areia. A germinação ocorre dentro de cerca de 2 semanas. Após aproximadamente um mês as plantas atingem geralmente a altura de 5 cm e são transplantadas, ou para canteiros de repicagem em espaçamentos 10x20 cm, ou - o que é mais comum hoje em dia - para recipientes. Passados mais 3 a 4 meses, quando as mudas atingem entre 10 a 25 cm de altura, realiza-se o plantio. Devido à susceptibilidade a plantas daninhas, o terreno deverá ser bem preparado, recomendando-se geralmente aração completa. O espaçamento aconselhado é 2 a 3 m em forma de quadrática. Durante os primeiros dois anos torna-se necessário repetir o combate às ervas daninhas surgidas. Os povoamentos destinados à produção de madeira comercial são reduzidos na idade de 5 a 8 anos a cerca de 50% do número original de árvores. Mais tarde realizam-se em espaços de 8 a 10 anos novas reduções do número de indivíduos; partindo de rotação de 30 anos, no estágio final deveriam remanescer 70 a 120 árvores/há. A rotação para a produção de lenha e fibra oscila entre 6 a 10 anos (Lamprecht,1990).

 

 

TABELA 1: Incremento em altura e diâmetro de E. saligna em sítios de qualidade mediana, segundo C.T.F.T (1959 f).

 

Idade

Altura em m

DAP em cm

1

3

6

3

12

12

6

25

20

12

31

28

20

33

35

30

35

42

40

40

50

 

Com rotação de 25 anos, os índices de incremento anual em sítios bem apropriados variam entre 36 e 53 m3/há. Em ambientes menos favoráveis, por exemplo, em solos pobres, a produção reduz-se drasticamente.

Os danos provocados pelas formigas dos gêneros Atta e Acromyrnex podem ser enormes, especialmente em viveiros e em povoamentos jovens. O combate à formiga cortadeira torna-se inevitável em muitas zonas da América do Sul, apesar de seus elevados custos. O besouro de tromba Gonipterus scutellatus, originário da Austrália, constitui hoje grande praga de plantações, especialmente em África. O Phoracantha semipunctata, pertencente aos cerambicídeos, ataca especialmente madeira abatida, mas pode igualmente danificar árvores enfermas ou indivíduos localizados em sítios desfavoráveis (Lamprecht,1990).

 

Entre as enfermidades provocadas por fungos é importante destacar a podridão do cerne, provocada por Stereum hirsutum. Em rotações inferiores a 30 anos, porém, os danos econômicos são reduzidos. Na Austrália, E. saligna é considerado relativamente resistente ao fogo. Em geral a árvore suporta curtos períodos de seca (Lamprecht,1990).

 

 

 

 

8.Uso madereiro e não madeireiro

8.1. Uso madeireiro

De  acordo com Lamprecht (1990), a madeira avermelhada é bastante pesada, densa, tenaz, durável e fácil de ser trabalhada. É de difícil secagem e apresenta tendência para rachaduras no cerne. A densidade volumétrica atinge cerca de 0.75g/cm3.

É apropriada para construção civil, escoras de minas, dormentes, pranchas de navio e assoalhos. Em Nova Gales do Sul constitui uma das mais importantes madeiras de construção., A madeira de plantações de curtas rotações é utilizada na fabricação de celulose; a madeira de árvores mais velhas, porém, é de difícil desfibramento. De uma maneira geral, cresce a importância de E.saligna como produtor de madeira para fins energéticos.   

 

8.2. Uso não madeireiro

O E. saligna é espécie com usos não madeireiros ate então não estudados com profundidade devido a sua tamanha importância madeireira (Lamprecht, 1990).

 

 

9.Bibliografia

  • Brooker, M.I.H and D.A. Kleinig (1990), Field Giude to Eucalypts, volume 1, Inkata Press, Revised edition,130pp
  • Lamprecht, H. (1990), Silvicultura nos Trópicos, Alemanha, 290pp.
  • Food and Agriculture Organization of the United Nations (1979), Eucalypts for planting, FAO Forestry Series 11. Rome. 678 pp.
  • Poyston, R. J. (1979), Tree Planting in Sourthern Africa - The Eucalypts, volume 2, 290pp.

 

 

 

 

 

10. Anexo

                                            

Fig.1. Fruto de E. saligna                             

 

                                                                             

Fig.2. Flor de E. saligna

 

Fig.3. Folha de E. saligna

 

 

                  

Fig.4.Fuste de E. saligna

 

  

  Fig.5. E. saligna